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Intertidal: Resumo de Tópicos - Clique para aceder directamente

Introdução

O oceano pode ser dividido numa zona mais costeira e noutra mais oceânica. A região mais próxima da costa termina na linha dos 200m de profundidade, ou seja, corresponde à plataforma continental e denomina-se de nerítica. Esta pode ser subdivida na região intertidal que é delimitada pela preia-mar e baixa-mar das marés vivas (Neto, 1991) e na subtidal que se encontra sempre abaixo da linha de água. À medida que nos afastamos da costa e a profundidade aumenta entra-se na zona oceânica que inclui o mar aberto e a zona abissal (Esquema A).

Em qualquer dos ambientes os organismos sofrem influência de factores físico-químicos e bióticos, assim como competição intra-específica (dentro da mesma espécie) e inter-específica (entre espécies), predação e herbivoria, o que influencia a biodiversidade existente em determinado ambiente.

Em ilhas vulcânicas, como nos Açores, o declive da costa é bastante acentuado o que diminui o espaço entre a baixa-mar e a preia-mar e assim a zona intertidal. O substrato da zona intertidal das costas destas ilhas pode ser rochoso, arenoso ou de calhau rolado (Fotos 1, 2 e 3).


Esquema A: Esquema geral das várias zonas dos oceanos.
Foto 1: Intertidal rochoso.


Foto 2: Intertidal arenoso, praia da Riviera, ilha Terceira.
Foto 3: Intertidal composto por calhau rolado.



Funções

Os enclaves como as poças de maré (no intertidal, sujeitas ao ciclo de marés) são importantes como berçários de juvenis e como zonas sociais didácticas de educação ambiental e de fruição humana para as crianças que nelas brincam e para actividades humanas. A rocha exposta serve de substrato (superfície) para inúmeras espécies, algumas delas com valor comercial como as cracas (Balanus spp. - Foto 4) e lapas (Patella spp. - Foto 5).

Foto 4: Cracas (Balanus spp.).
Foto 5: Lapa mansa (Patella candei), algas verdes (Ulva sp.) e cracas.




Caracterização Biológica

Rocha exposta

A distribuição vertical (perpendicular à linha de água) dos seres vivos no intertidal depende do tempo que estes ficam expostos ao ar entre duas preias-mar consecutivas (Nybakken, 1997). Para além da exposição ao ar os organismos que habitam na rocha exposta (Foto 6) também são influenciados por variações de maré, temperatura ambiente, acção física das ondas e salinidade (os organismos são expostos a períodos de maior salinidade devido a evaporação e consequente precipitação de sais ou a períodos de menor salinidade devido à acumulação de chuva durante a maré baixa). Contudo, a localização dos seres vivos na costa é determinada não só pelos factores ambientais como também pelas suas características particulares (adaptações). De facto, na zona exposta, o crescimento das algas é mais reduzido, havendo predominância de musgos (Foto 7). De salientar que as espécies existentes na rocha exposta variam com o tipo de substrato (por exemplo rochoso ou arenoso).

Foto 6: Litorina (Litorina littorea), gastrópode que ocupa a zona de salpicos (já se encontra no supratidal).
Foto 7 - Bodelha (Fucus vesiculosus) uma alga castanha que contém pequenas dilatações cheias de ar os aerocistos.

Enclaves

A presença de enclaves ou pequenas fissuras nas rochas permite que além de existir a zonação vertical, também é possível observar variação horizontal. Os enclaves criam micro-climas, o que permite a existência de comunidades diferentes das existentes na área envolvente (Neto, 1991). Alguns enclaves como as poças de maré, nunca ficam expostos ao ar tendo por isso características semelhantes às encontradas na zona subtidal.


Subtidal

O subtidal compreende a zona do oceano que fica sempre submersa. O subtidal dos Açores alberga muitas espécies fixas no substrato (ex: esponjas, corais, medusas, algas e anelídeos - Foto 8) ou de alguma forma dependentes do mesmo (ex: caranguejos, moluscos, etc.), assim como espécies planctónicas que também ocorrem no mar aberto como sejam bactérias, peixes e cetáceos (Foto 9). Contudo, os enclaves são afectados pelo ciclo de marés (Nybakken, 1997), sendo tanto maior o seu efeito quanto menor for a área superficial, profundidade e localização da poça e maior o hidrodinamismo, sombra e precipitação. As poças albergam maior biodiversidade que a rocha exposta, mas com espécies menos resistentes ao hidrodinamismo e dissecação (Fotos 10 e 11).


Foto 8: Aspecto do intertidal na maré cheia. Poças de maré em São Mateus, ilha Terceira.
Foto 9: Habitante habitual das poças e subtidal pouco profundo, o caboz-de-crista (Coryphoblennius galerita). Nota: o caboz normal é a espécie Ophioblennius atlanticus atlanticus.

Foto 10: Gastrópode (búzio) acompanhado de dois ouriços da espécie Paracentrotus lividus.
Foto 11: Alga verde (clorófita), a alface-do-mar (Ulva rigida).




Estado de Conservação e Ameaças

As principais ameaças para a biodiversidade encontrada no intertidal e subtidal assim como no mar aberto são a acção humana directa, a poluição por descargas de esgotos, por limpezas ilegais de tanques de petroleiros, resíduos abandonados nas ribeiras que são posteriormente arrastados para o mar, também provenientes de embarcações marítimas, etc.

Ameaças inerentes à sobre-exploração dos recursos, como por exemplo a apanha descontrolada de lapas (Patella spp.) no intertidal e subtidal e também a captura de crustáceos como lagostas (Nephrops norvegicus), cavacos (Scyllarides latus), no subtidal. Além destes problemas, encontramos ainda as técnicas de pesca de arrasto. De referir ainda as grandes construções e obras na orla costeira que envolvem o depósito de entulhos, areias, etc., que poderão levar a alteração de correntes de sedimentos, da composição físico-química da água, etc.

Outras ameaças são os efeitos potencialmente nocivos dos efeitos das mudanças globais como o aumento da temperatura e de dióxido de carbono (CO2) na água o que a torna mais ácida, tornando mais exigente a adaptação e sobrevivência das espécies nessas condições.




Informações Adicionais


Informação completa sobre peixes de todo o Mundo em FishBase.

Listagem de espécies marinhas do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, ImagDOP.


BIBLIOGRAFIA

BARCELOS E RAMOS, J., 2009. Responses of selected species of marine phytopankton to increasing carbon dioxide and light. Tese de doutoramento, Kiel 145p.

FALKOWSKI PG & RAVEN, JA (2007) Aquatic photosynthesis. Princeton University Press, New Jersey.

NETO, A., 1991. Zonação Litoral de Dois Locais da Ilha de São Miguel (Açores) e Estudo Dos Seus Povoamentos Fitobentónicos. Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica. Universidade dos Açores, Ponta Delgada, iv + 116p.

NYBAKKEN, J. W., 1997. Marine Biology – An Ecological Approach. 4th ed. Addison-Wesley Educational Publishers Inc., USA, xiii + 481pp.