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Laurissilva: Resumo de Tópicos - Clique para aceder directamente

Introdução

A floresta encontra-se distribuída por inúmeros locais do globo, existindo diferentes singularidades nas suas formações. As ilhas desempenham um efeito protector da formação e manutenção de faunas e floras específicas. Em termos florestais, é importante perceber quais as suas tipologias, estruturas e funções.

O clima dos Açores, temperado húmido ou muito húmido, permite às florestas açorianas terem um aspecto e complexidade muito semelhantes às florestas tropicais: múltiplos estratos, riqueza em epífitos, trepadeiras e árvores de folhas largas. Estas árvores são perenifólias de aspecto frondoso, verdejante e húmido. Estas características encontravam-se mais expressas nas Lauráceas (família dos louros) e foi com base nesse princípio que Eduard Rübel designou este tipo de florestas como laurissilvas. A fisiologia das espécies que compôem as florestas de laurissilva não permite suportar frio excessivo nem a falta de água, devido à pouca eficiência do controlo estomático das folhas largas. As folhas, embora menores que as das espécies tropicais, são mais largas que as das florestas temperadas e dependem de condições amenas. A dureza da folha permite a resistência a menores temperaturas, todavia nunca abaixo do ponto de congelação. Nos Açores existe uma forte componente de oceanicidade ditada pelo distanciamento em relação ao território continental, fazendo com que a vegetação assuma características da tropicalidade. As laurissilvas contém espécies que são na sua maioria angiospérmicas muito primitivas, autênticas relíquias vivas vindas do Terciário associadas a condições climatéricas amenas, com invernos pouco rigorosos e verões sem stress hídrico.

Constituem formações intermédias entre as durissilvas, florestas de folha curta e rija, adaptadas a condições mais extremas (e.g. mediterrânicas) e as pluvissilvas, florestas húmidas características de regiões mais quentes. As condições húmidas temperadas são cada vez mais raras e distribuem-se por habitats restritos. Estão localizadas nos limites das regiões temperadas e junto a grandes massas oceânicas. São exemplo disso as ilhas e costa da China e Japão, Austrália, Nova Zelândia, Chile, Califórnia, Argentina e Brasil, bem como parte da costa portuguesa e a Macaronésia. Na macaronésia as laurissilvas têm um limite a Sul, nas ilhas Canárias, passando para durissilva, localmente designada por “Faial-brezal” devido ao contínuo domínio das Ericáceas, de folha curta e dura.

Nos Açores, como existe um domínio de massas de ar húmidas que vêm de diferentes direcções, mas as condições de precipitação e humidade para estas florestas ocorrem desde a costa, mesmo a Sul, excepto na ilha de Santa Maria. As florestas de laurissilva iniciam-se potencialmente na costa, onde se encontram espécies como a faia (Myrica faya) - a espécie de carácter mais termófito das ilhas e o pau-branco (Picconia azorica). O seu limite encontra-se assim no tecto de nuvens quase permanente das zonas montanhosas, onde se estão presentes as durissilvas húmidas de Juniperus brevifolia e bosques de cedro adaptadas às condições de frio extremo e encharcamento.

Dentro da floresta laurissilva, podemos encontrar algumas tipologias quanto à altitude - laurissilva mésica de baixa altitude, laurissilva de média altitude e floresta de nuvens. Na primeira tipologia, domina a Myrica faya (faia-da-terra - Foto1) e Picconia azorica (pau-branco - Foto 2), encontrando-se por vezes um sub-bosque de Laurus azorica. Nas florestas multi-estratificadas de média altitude (< 500m) domina o louro e sanguinho. O manto florestal estende-se em torno de altos de origem geológica ou biológica (caules de fetos, troncos mortos, etc.) e no solo fora da zona de encharcamento (para permitir o nascimento e enraizamento).

Foto 1: Faia-da-terra (Myrica faya).
Foto 2: Pau-branco (Picconia azorica).

Em quase todas as ilhas, as nuvens permanentes aparecem acima desta altitude, quer por origem orográfica quer sob a forma de um tecto de nuvens formado por gotículas com origem sobre o Atlântico e carregadas de sais. A humidade é sempre elevada, estando sempre eminente o ponto de saturação. O solo, por encharcamento, transita a sua constituição para turfoso e passa portanto a condições anóxicas. Nestas zonas, a laurissilva passa a ser dominada por espécies de folhas menores e mais resistentes, como o azevinho (Ilex perado), aparecendo também espécies da durissilva como Juniperus e Erica (Fotos 3 e 4).

Foto 3: Urze ou vassoura (Erica azorica).
Foto 4: Juniperus brevifolia (cedro-do-mato) rodeado por Erica. Mistérios Negros - Ilha Terceira.

A floresta de nuvens é a expressão mais húmida da laurissilva, sendo dominada por cedros (Juniperus brevifolia), também conhecidos por bosques de cedro, com um solo coberto de musgos (turfeiras) permanentemente encharcado, fazendo destas as florestas mais húmidas da Europa. Os cedros resistem a tempestades e ventos na ordem dos 100 km/hora em locais mais expostos, com valores de precipitação igualmente sobrelevados. Desenvolvem-se outros elementos vegetais suspensos nos ramos, troncos, ou nos altos, sendo esta diversidade mais elevada que no solo. Verifica-se a cobertura de epífitos sobre as folhas, ramos e pedras (Fotos 5 e 6), sempre com elevado grau de humidade. As folhas mais elevadas pingam água proveniente da intercepção com as nuvens e nevoeiros. A estratificação é tal que se dá o enraizamento em troncos baixos ou deitados e o crescimento dr fetos nos ramos das árvores. Aqui, as espécies florísticas quase não necessitam do solo, uma vez que vivem da água e nutrientes que retiram das nuvens.

Foto 5: Tronco com epífitos (briófitos e líquenes).
Foto 6: Tronco com briófitos epífitos.

Exemplos nos Açores

Reserva Natural da Caldeira do Faial

Estabeleceu-se a Reserva Natural da Caldeira do Faial com o intuito de proteger os seus habitats naturais, e a sua fauna e flora selvagens. A Caldeira do Faial deve-se ao colapso de um grande aparelho vulcânico – de erupções plinianas ou subplinianas (categorias mais explosivas de vulcões), que cobriram cerca de dois terços da ilha com depósitos de pedra-pomes – apresentando atualmente 2 km de diâmetro e uma profundidade média de 400 m. Após a formação da caldeira, ocorreu uma erupção basáltica interior, originando um cone piroclástico com derrames de lava associados. No seu fundo já existiu uma lagoa permanente pela acumulação de água das chuvas. No entanto, devido à forte atividade sísmica associada à erupção dos Capelinhos, criaram-se fendas que drenaram essa lagoa, que passou a ser intermitente. 

A Caldeira do Faial faz parte da Rede Natura 2000 e encontra-se classificada como Zona de Proteção de Aves Selvagens pela Diretiva Habitats. Pelo seu valor ecológico destacam-se os seguintes habitats: charcos temporários mediterrânicos; charnecas macaronésicas endémicas (dominadas pela urze e pelo queiró); formações de euforbiáceas; prados macaronésicos; turfeiras altas ativas; laurissilvas dos Açores (comunidades sempre verdes, muito húmidas, compostas por espécies arbóreas e arbustivas com elevado grau de endemismos) e florestas macaronésicas (florestas de cedro-do-mato).

Considerando a sua topografia, a Caldeira possui uma elevada diversidade de habitats e de espécies, muitas delas endémicas. De entre as espécies de vegetação endémica mais emblemáticas destacam-se: cedro-do-mato (Juniperus brevifolia); trovisco-macho (Euphorbia stygiana), a margarida (Bellis azorica), a erva-do-capitão (Sanicula azorica), a alfacinha (Lactuca watsoniana) e a labaça (Rumex azoricus), entre outras. Quanto à avifauna local, de entre os passeriformes, são bastante comuns o tentilhão (Fringilla coelebs moreletti) e a toutinegra (Sylvia atricapila atlantis), e de entre as aves de rapina de salientar os milhafres (Buteo buteo rothschildi) comuns nesta área.


Caldeira do Faial. Foto Pedro Avelar.
Erva-do-capitão (Sanicula azorica). Fonte: SIARAM.


Toutinegra (macho). Fonte: http://srec.azores.gov.pt/dre/

Labaça (Rumex azoricus). 


Terra Brava, ilha Terceira

A Terra Brava é uma zona Montanhosa localizada no quadrante noroeste da ilha, na freguesia da Agualva, ilha Terceira. Esta estrutura eleva-se 719m acima do nível do mar, relacionando-se com o Maciço Montanhoso do Pico Alto, sendo o ponto mais elevado o Pico Alto com 809 m. Este complexo formou-se em parte devido a um escorrimento lávico em direcção ao mar, o que originou arribas altas contastando com baías bem recortadas. 

O núcleo florestal desta paisagem, dada a quase ausência humana, é ocupada por uma rica floresta de vegetação endémica, típica da Macaronésia, que ocupa cerca de 6 quilómetros quadrados, floresta bastante densa e primitiva onde a orientação é por vezes muito difícil com um relevo muito irregular. Engloba o Maciço do Pico Alto, o Pico do Boi, o Pico do Juncal, o Pico Agudo e o Pico Alto. Nas encostas e sopés do Pico Agudo brotam espécies de flora como o cedro-do-mato, louro, urze-rasteira, tamujo, sanguinho, pau-branco, azevinho, uva da serra, outras herbáceas endémicas, musgos e fetos de diferentes tamanhos e tonalidades. 

Vista panorâmica da Terra Brava. Foto: Pedro Avelar.
Uva da Serra (Vaccinum cylindraceum). Foto: Pedro Avelar.

Hera (Hedera azorica), espécie endémica dos Açores. Foto: Pedro Avelar.
Lysimachia azorica, espécie endémica dos Açores. Foto: Pedro Avelar.  

Floresta laurissilva – Terra Brava, ilha Terceira. Foto: Pedro Avelar.
Myosotis maritima, espécie endémica dos Açores. Foto: Pedro Avelar.  

Cardamine caldeirarum, espécie endémica dos Açores. Foto: Pedro Avelar.  



Funções

Para além da função de armazenamento e fixação de Carbono de que fazem parte todos os géneros de formações florestais, por via do fenómeno fotossintético, neste tipo de florestas existe também um elevado poder de absorção da humidade e precipitação através dos epífitos, o que permite a canalização da intercepção de chuvas e nevoeiros por escorrimento pelos troncos.

A floresta permite uma maior estabilidade do sistema solo-vegetação, uma vez que favorece a retenção de água e a sua infiltração no solo, contribuindo para uma diminuição do escoamento superficial. Essa diminuição por sua vez diminui o risco de erosão dos solos, contribui para a formação de lençóis freáticos, manutenção da qualidade da água das ribeiras e lagoas e a protecção da rede hidrográfica, através da protecção e estabilização das margens, correcção torrencial e amortecimento de cheias.

Outras funções da floresta incluem: recuperação de solos degradados, protecção microclimática, protecção e segurança ambiental (através da filtragem de partículas e poluentes atmosféricos, etc.) e a conservação de habitats e de espécies protegidas por diversos diplomas ao nível nacional e europeu.

As florestas são ainda produtoras de biomassa, de frutos, sementes e de outros materiais vegetais e orgânicos, tais como resinas, folhagens, vimes, plantas alimentares, aromáticas e medicinais. Além destas funções encontramos o suporte à caça e conservação das espécies cinegéticas, suporte à pastorícia, enquadramento de equipamentos turísticos, conservação de paisagens e actividades de recreio.

Contrariamente ao que acontecia antigamente, em que as florestas constituíam uma fonte de produção de matérias-primas como lenha e carvão, madeira, o seu estado de protecção e conservação actual já não permitem as mesmas funções, pelo menos com a mesma expressão que tinham outrora.



Classificação

De um modo geral, podemos distinguir, quanto à formação, dois tipos de florestas nos Açores:

Formações zonais

Dependentes de factores como: clima, temperaturas amenas, stress altitudinal – que é crescente com o aumento da intensidade dos ventos e a elevada disponibilidade de água em baixa altitude que passa a condições de encharcamento e hiperoceaneidade em altitude.


Formações azonais

Associadas a ambientes extremos dependentes de condições de stress, sejam zonas de falésias, derrames lávicos ou efeitos acentuados do mar.

Das formações zonais dominantes, temos as laurissilvas. Nas montanhas dos Açores, a predominância são os bosques de Juniperus. Não há consenso quanto à questão destes pertencerem ou não à laurissilva. Considerando que sim, são assim quatro os tipos de florestas zonais nos Açores, baseando nas estruturas e processos funcionais:


Laurissilva mésica de baixa altitude

Tipologia com pouca diversidade, em que dominam a Myrica faya e Picconia, encontrando-se por vezes um sub-bosque de Laurus azorica. Estes bosques ocupavam as regiões mais termófilas dos Açores e encontram-se quase extintos. Presença de um copado alto em que domina um pequeno bosque denso de incenso (Pittosporum undulatum) ou mais raramente, de Laurus azorica e esporádicos povoamentos de herbáceas. Embora se encontrem indivíduos isolados de Myrica Faya e Picconia azorica com mais de 15 m de altura, estas florestas atingem uma altura máxima de 7 m.


Laurissilva húmida (de média altitude)

É uma das formações florestais com maior riqueza florística dos Açores. Rara, predominante a altitudes inferiores a 500ms (abaixo do tecto de nuvens), com um nível elevado de biodiversidade estrutural com estratos individualizados, riqueza em comunidades de epífitos e fetos, recobrimento do solo por briófitos e reduzida exposição solar no solo. Neste tipo de laurissilva dominam Picconia azorica (pau-branco) e Myrica faya (faia-da-terra) nas zonas mais baixas e Laurus azorica e Frangula azorica nas zonas mais elevadas. Estas características estão associadas a condições climatéricas amenas, com Invernos pouco rigorosos e Verões sem stress hídrico ou seja, existem condições de humidade, mas não chega a haver encharcamento do solo. A trepadeira mais característica é a hera (Hedera azorica), que também cobre parte do solo. As herbáceas ocupam três estratos: no primeiro, fetos altos; no segundo, fetos baixos e plantas vasculares e no terceiro, herbáceas rasteiras (e.g. Bellis azorica e orquídeas endémicas).


Laurissilva hiper-húmida

Sendo a mais abundante situa-se acima do tecto de nuvens (> 500m). É uma floresta nanificada devido às condições climatéricas -  por exemplo o vento, muito rica na sua estrutura, particularmente em fetos e musgos e possui epífilos e diversas espécies de epífitas. Esta é dominada pelo Ilex azorica e Laurus azorica. Nas zonas mais declivosas pode ser dominada por Juniperus brevifolia e Sphagnum spp. (Fotos 7 e 8)


Foto 7: Musgo Leucobryum glaucum.

Foto 8: Cedro-do-mato (Juniperus brevifolia).

Bosques de cedro

Designam-se assim nos Açores porque o nome comum do Juniperus brevifolia que domina o estrato arbóreo destas formações é o cedro-do-mato (Foto 9), espécie endémica deste arquipélago e que se encontra limitada a zonas montanhosas, planaltos ou encostas mais expostas, em que a precipitação é abundante e o encharcamento permanente no estrato herbáceo, sobretudo na Terceira e nas Flores dentro de áreas classificadas. Estes bosques são pouco estratificados, mas ricos em musgos (Foto 10). Na montanha a presença de ventos muito fortes não facilita o estabelecimento de epífilas, surgindo estas apenas em locais mais recônditos como fendas, taludes, etc.

Foto 9: Cedro-do-mato (Juniperus brevifolia), individuo fêmea.
Foto 10: Outros briófitos (Polytrichum sp.)

As espécies dominantes são resistentes ao vento e com capacidade de resistência ao encharcamento. A sua composição florística é bastante pobre, constituída por copas altas, fechadas e homogéneas de cedro-do-mato (Juniperus brevifolia), sub-bosque mais disperso de tamujo (Myrsine africana - Foto 11) e um estrato baixo de feto-cabelinho (Culcita macrocarpa - Foto12), Luzula purpureo-splendens, Dryopteris aemula e musgão (Sphagnum spp.). Existe uma comunidade endémica de briófitos epífitos, muito característica que cobre os troncos e ramos do Juniperus.

Foto 11: Tamujo (Myrsine retusa  L.).
Foto 12: Fetos.

Esta comunidade está muito adaptada a condições adversas, sobretudo no Inverno, com temperaturas mínimas muito baixas e precipitação elevada, não esquecendo os intensos nevoeiros acompanhados de ventos fortes. O volume de água recebida é considerável, tendo em conta a precipitação oculta, provocando o encharcamento permanente do solo, facilitando assim a lixiviação dos nutrientes. Após o Inverno, a precipitação e o encharcamento diminuem, o que possibilita o crescimento das plantas vasculares. A forte exposição ao vento é o segundo factor de stress dos bosques de cedro. Com médias de 25km/h, com diárias de 40km/h e até rajadas superiores a 100km/h registadas para Santa Bárbara. (ilha Terceira) praticamente todos os anos. O ensombramento pelas copas é que controla o avanço do Sphagnum spp., logo, uma diminuição da cobertura permitirá uma maior dispersão desta espécie de musgo.


Ericais

Nos Açores, a urze ou vassoura, Erica azorica, pode atingir um porte arbóreo e, embora seja de distribuição altitudinal, também aparece perto da costa, associada a faiais. Do ponto de vista florístico é uma comunidade pobre. A estrutura é composta por um bosque de copado superior de Erica azorica, sub-bosque raro e disperso de Laurus azorica e Myrsine retusa com algumas herbáceas. Normalmente desenvolvem-se em substrato lávico basáltico pouco evoluído e com forte exposição aos ventos. É um substrato pobre, com fraca capacidade de retenção hídrica. A capacidade de colonização de solos lávicos da Erica levam à possibilidade de se formarem bosques em substratos jovens, provavelmente originando a primeira colonização.

A distribuição mundial de ericáceas é designada por "heathlands". Estes geralmente apresentam solos pobres e ácidos. Actualmente a sua distribuição é restrita, o que deverá dever-se à procura da madeira da Erica azorica para obtenção de lenha e carvão. Apesar desta ser uma espécie protegida, ainda se encontram braçados e pilhas de troncos de Erica em muros junto aos fornos nas ilhas do Pico e São Jorge.

Foto 13: Comunidade pioneira de Urze ou Vassoura (Erica azorica).
Foto 14: Urze ou vassoura (Erica azorica).



Estado de Conservação e Ameaças

Foto 15: Uma das piores espécies invasoras nos Açores, em termos de plantas vasculares - conteira ou roca-de-velha (Hedychium gardnerianum).
Foto 15: Espécie invasora utilizada em sebes e protecções de culturas, a faia-do-norte ou incenso (Pittosporum undullatum).

Actualmente, a maior ameaça prende-se com a desflorestação que pode dever-se a vários factores como a abertura de estradas e caminhos para actividades agrícolas, industriais, desportivas, de lazer e turísticas (e.g. jipes, moto-quads, trilhos, etc.); exploração de inertes (e.g. pedreiras para construção de grandes infraestruturas regionais); implementação de projectos agro-pecuários, onde se dá a recolha de plantas ou leivas e o abate das árvores para o pastoreamento de animais, etc. Nas propriedades privadas, as espécies protegidas, mesmo quando não são removidas, muitas vezes não são devidamente respeitadas.

Alguns exemplos de consequências da desflorestação são a transformação do coberto vegetal em pastagens para pecuária, resultando na eutrofização de lagoas (ex. Sete Cidades na ilha de São Miguel), contaminação de aquíferos e dos próprios solos, através da infiltração e lixiviação de compostos e elementos poluentes e ainda o fenómeno das cheias, como a que se sucedeu na freguesia da Agualva na ilha Terceira, em 2009.

Uma outra grande ameaça às florestas é a ocupação do solo por espécies invasoras. A plantação de espécies exóticas e ornamentais como a hortênsia (Hydrangea macrofila), proliferação de espécies altamente invasivas como a conteira (Hedychium gardnerianum) ou a faia do norte ou incenso (Pittosporum undulatum) e o seu avanço posterior a partir de habitats ruderais, promove a competição e substituição de espécies nativas e endémicas, diminuindo cada vez mais a sua expressão.

Actualmente encontramos carências na implementação de planos de conservação e gestão activos para protecção deste património natural. Exs. Rede Natura 2000.



Informações Adicionais

Versão Simplificada deste Ecossistema (brevemente)

http://siaram.azores.gov.pt/flora/flora-vascular/_intro.html


BIBLIOGRAFIA

GASPAR, C., BORGES, P., CARDOSO, P., GABRIEL, R. , AMORIM, I., FRIAS, A. M . MADURO-DIAS, F. PORTEIRO, J., SILVA, L. & F. PEREIRA. 2009., Açores - Um retrato natural. Ver Açor Editores, Ponta Delgada.

ELIAS, R., DIAS, E. 2008. Ecologia das Florestas de Juniperus dos Açores. Cadernos de Botânica 6. Herbário da Universidade dos Açores (AZU) Departamento de Ciências Agrárias, Angra do Heroísmo (Ed).

SILVA, J. 2007. Árvores e Florestas de Portugal – Açores e Madeira, a Floresta das Ilhas. Público, Comunicação Social, SA e Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (Ed). Vol. 6.

SCHÄFER, H. (2005). Flora of the Azores – a field guide. (2ª Ed.) Weikersheim: Margraff Publishers.

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CRÉDITOS DE FOTOS: