Os Açores localizam-se na junção de três placas tectónicas, a placa Euro-Asiática, a Africana e a Norte Americana, o que é responsável pela intensa actividade sismo-vulcânica que caracteriza o arquipélago e que levou à sua formação, com a emergência da primeira ilha (Santa Maria) há cerca de 8,12 milhões de anos. A natureza vulcânica dos Açores está bem patente na sua paisagem dominada por vulcões (e.g., montanha do Pico, vulcão dos Capelinhos no Faial), crateras (e.g., caldeira no Faial, Lagoa do Fogo em São Miguel) e escoadas de lava (e.g., Mistérios Negros na Terceira, Mistério da Prainha no Pico). As erupções vulcânicas estão também na origem de importantes estruturas geológicas que se desenvolvem abaixo da superfície, as cavidades vulcânicas, as quais se formam como resultado do arrefecimento, solidificação e erosão das paredes de cones e condutas vulcânicas por onde circulou lava durante eventos eruptivos.
Existem várias descrições históricas de erupções vulcânicas nos Açores que referem a descoberta de grutas pelos que se aventuravam a caminhar sobre a rocha recém-formada e a espreitar pelas brechas para as entranhas da terra. Porém, o medo do desconhecido, a crença de que as grutas seriam “buracos sem fundo”, lugares amaldiçoados e habitados por seres estranhos, manteve as pessoas afastadas destes locais. Mais tarde, aquando da necessidade de transformar a paisagem natural em terrenos para agricultura e pecuária, com a construção de caminhos e habitações foram descobertas um grande número de cavidades vulcânicas. A grande beleza e riqueza do mundo subterrânea dos Açores começou a ser verdadeiramente explorada e revelada no início da década de 60 com a organização de várias expedições pela Sociedade de Exploração Espeleológica "Os Montanheiros" .
Os tubos de lava (Foto 1) e os algares são os principais tipos de cavidades vulcânicas, existindo também cavidades "mistas" formadas por algares conectados a tubos de lava. Os Açores, devido ao tipo de vulcanismo mais comum e predominância de lavas basálticas, são muito ricos em tubos de lava, vulgarmente designados por furnas. Os tubos lávicos são condutas que se desenvolvem sobretudo na horizontal e que por vezes atingem dimensões tais que lembram túneis do metro, como por exemplo a Gruta das Torres na ilha do Pico, enquanto os algares, chaminés vulcânicas vazias, se assemelham a enormes poços, tal como o imponente Algar do Morro Pelado na ilha de São Jorge com cerca de 140 metros de profundidade. Nestas cavidades (Foto 2) vulcânicas podem ser encontradas estalactites, bancadas de pedra, lagoas, bolas e cascatas de lava, e uma grande diversidade de outras formações geológicas.
Foto 1: Gruta das Torres. Maior tubo lávico em Portugal, com comprimento total de 5150 m. Foto Fernando Góis.
Foto 2: Algar do Montoso, S. Jorge com cerca de 140 m de profundidade, o mais profundo dos Açores.
As cavidades vulcânicas (Esquemas A e B) formam-se rapidamente após o fim de uma erupção, ao contrário das grutas calcárias que podem demorar milhares de anos a se desenvolver, mas são em geral mais efémeras. O tempo médio de vida de um tubo de lava varia entre 100 000 a 500 000 anos, dependendo do clima e da erosão a que estão expostos, enquanto os algares vulcânicos em geral persistem por mais tempo. Assim sendo, não é com surpresa que o Pico, a ilha mais recente dos Açores com uma idade geológica de aproximadamente 250 000 anos, possua o maior número de cavidades vulcânicas do arquipélago, nem que estas sejam mais abundantes em zonas de vulcanismo recente em ilhas mais antigas, como no complexo vulcânico dos Picos em São Miguel.
Esquema A - Formação de um tubo lávico. (Adaptado de Açores. Ilhas de Geodiversidade: Colecção Cavidades Vulcânicas dos Açores, N.Farinha, F.Correira & GESPEA 2006).
Esquema B - Formação de um algar vulcânico (Adaptado de Açores. Ilhas de Geodiversidade: Colecção Cavidades Vulcânicas dos Açores, N.Farinha, F.Correira & GESPEA 2006).
À medida que as cavidades vulcânicas dos Açores foram sendo descobertas, conhecendo-se actualmente cerca de 270 cavidades naturais no arquipélago, foi sem dúvida o aspecto geológico e a espectacularidade das suas formações o que primeiro atraiu a atenção da comunidade científica e da população em geral. Exemplos recentes deste interesse são a inclusão do Algar do Carvão na ilha Terceira na lista das 10 mais importantes cavidades vulcânicas do Mundo, sob ponto de vista mineralógico, e o facto de o mesmo algar e a Furna do Enxofre na ilha da Graciosa constarem das 21 finalistas do concurso das Sete Maravilhas Naturais de Portugal.
A grande importância biológica das cavidades vulcânicas do arquipélago só começou a ser reconhecida mais tarde, com as primeiras explorações bioespeleológica nos Açores que se realizaram apenas nos finais dos anos 80 por iniciativa de universidades estrangeiras. Estas e as subsequentes expedições organizadas pela Universidade dos Açores, "Os Montanheiros" e o GESPEA, revelaram que o meio subterrâneo do arquipélago é povoado por uma interessante fauna e flora.
O meio subterrâneo proporciona habitats particulares onde se desenvolvem ecossistemas únicos e nos quais é possível a evolução de novas formas de vida. Nas grutas é possível distinguir três zonas quanto à presença de luz, valores de humidade e temperatura - zona de entrada, penumbra e de escuridão permanente-, o que condiciona os tipos de organismos que nelas se podem encontrar. Nas entradas das grutas, a quantidade de luz, temperatura e humidade tendem a variar de acordo com as condições no exterior; a zona de penumbra é uma zona intermédia entre a zona de entrada e de escuridão absoluta, onde as variações de temperatura e humidade são menos acentuadas e que nunca recebe luz directa; na zona de escuridão permanente, a temperatura e a humidade variam muito pouco, e tal como o nome indica, nunca recebe luz. Nos tubos de lava é comum encontrarem-se estas três zonas, enquanto nos algares vulcânicos é raro encontrarem-se zonas de escuridão permanente. A quantidade de nutrientes disponíveis em cavidades vulcânicas, e consequentemente a sua capacidade para suportar vida, também varia: os algares geralmente possuem mais matéria orgânica, que vai caindo pela chaminé, do que os tubos de lava maturos. Na fase jovem de um tubo lávico existe uma vasta rede de fendas na lava que estabelecem contacto com o exterior e garantem o importe de matéria orgânica, mas com o passar do tempo (envelhecimento do tubo de lava) esta vai sendo colmatada à medida que se forma solo na área sobrejacente à gruta, o que acaba por impedir a percolação de nutrientes até ao interior da gruta. A excepção são os tubos de lava que se encontram muito perto da superfície e cujas raízes das plantas que colonizaram a área penetram no interior da gruta, proporcionando alimento para diversos organismos.
Nas entradas das cavidades vulcânicas é comum encontrar-se vegetação (plantas com flor, fetos e musgos) e no seu interior encontram-se sobretudo invertebrados, como por exemplo, aranhas, pequenos escaravelhos, cigarrinhas, colêmbolos e centopeias. Alguns destes organismos não conseguem sobreviver fora do ambiente subterrâneo, isto é, são troglóbios (Foto 3). As adaptações em espécies animais ao meio subterrâneo incluem, por exemplo, perda de pigmentos, alongamento do corpo e de apêndices, redução ou perda dos olhos e diminuição do metabolismo. Alguns dos animais que aparecem no meio subterrâneo podem também ser encontrados na superfície (troglófilos e trogloxenos), enquanto outros aparecem nas grutas acidentalmente (acidentais). Por exemplo, perto de povoações existem vários relatos de animais domésticos que caíram em grutas. No interior das grutas é também comum observarem-se finas camadas de microrganismos - biofilmes (Foto 4) a revestirem paredes e tectos e que são responsáveis por uma incrível palete de cores que contrasta com a cor escura dominante das lavas basálticas das cavidades vulcânicas nos Açores. Nos Açores existem morcegos e embora estes animais sejam normalmente associados a grutas, raramente foram avistados em cavidades vulcânicas do arquipélago. Os tubos de lava junto da costa são por vezes utilizados como local de nidificação por cagarros (Foto5).
Foto 3: Exemplos de fauna troglóbia dos habitats subterrâneos dos Açores. I Escaravelho cavernícula Trechus picoensis, que existe em várias grutas do Pico; II Pseudo-escorpião cavernícula Pseudoblothrus oromii, Gruta da Beira, Pico; III Aranha cavernícola Turinyphia cavernicola que habita cavidades vulcânicas na Terceira; e IV Escaravelho cavernícola Thalassophilus azoricus que é o animal com o maior grau de adaptação à vida cavernícola nos Açores, não possuindo olhos e é conhecido apenas da Gruta da Água de Pau, São Miguel (escala representa 2 mm).
Fotos: Paulo Borges e Enésima Mendonça.
Foto 4: Microrganismos em tapete (biofilmes) revestindo tecto e paredes. Gruta da Terra Mole - Terceira. Foto: Pedro Cardoso.
Foto 5: As grutas como local de nidificação para cagarros.
Os organismos melhor estudados dos habitats subterrâneos dos Açores são os briófitos das entradas das cavidades vulcânicas (Foto 6) e os invertebrados, além de algas (Foto 7). Das 438 espécies de briófitos conhecidos dos Açores, 151 aparecem nas entradas das grutas, embora também possam ser encontradas noutros habitats. São conhecidos artrópodes troglóbios das ilhas do Pico, Terceira, Faial, São Jorge e São Miguel, estando descritas um total de 20 espécies. Aproximadamente metade destas espécies só se conhece de uma única gruta e o grupo de artrópodes que mais espécies cavernícolas possui nos Açores é o género de escaravelho Trechus com seis espécies que exibem diferentes graus de adaptação à vida subterrânea, o que sugere que terão conquistado este tipo de habitat em diferentes momentos (assume-se que as espécies que exibem maior grau de adaptação à vida cavernícola tenham sido os primeiros a invadir este habitat). O escaravelho cavernícola Thalassophilus azoricus que não possui olhos, é conhecido apenas de um tubo de lava em São Miguel e representa o extremo de adaptação ao habitat subterrâneo no arquipélago. Uma vez que os troglóbios são extremamente sensíveis à dissecação, o transporte de espécies adaptadas à vida cavernícola entre as ilhas não é uma explicação válida para a presença de espécies próximas nas várias ilhas dos Açores. As espécies troglóbias encontradas em cada ilha terão evoluído a partir de espécies ancestrais que ocorriam em habitats epígeos e que começaram a explorar e a se adaptarem a habitats subterrâneos à medida que estes se foram formando (e.g., formação de novos tubos de lava após erupções vulcânicas).
Foto 6: Briótifos a cobrirem paredes e chão junto de uma
das entradas da Gruta dos Balcões, Terceira. Foto: Fernando Pereira.
Foto 7: Algas presentes em zonas das cavidades vulcânicas que recebem luz. Algar do Carvão, Terceira. Foto: Pedro Cardoso.
Nos Açores existe também uma fauna adaptada à vida em lençóis de água subterrâneos, isto é, fauna aquática terrestre que evoluiu na ausência de luz. Embora o estudo da estigofauna no arquipélago seja bastante incipiente, a recolha de amostras em poços de maré nas ilhas do Faial e do Pico revelou a existência de crustáceos endémicos (Pseudoniphargus brevipedunculatus).
As cavidades vulcânicas nos Açores têm sido utilizadas pelo homem ao longo dos tempos para diferentes fins. Muitas delas foram ou são utilizadas como refúgio, como a Furna dos Enxaréus na ilha das Flores onde os barcos podem entrar à vontade, ou a Furna de Santana na ilha de Santa Maria que em tempos remotos serviu de esconderijo para os habitantes escaparem à fúria dos corsários. Algumas das grutas têm sido também utilizadas para albergar diversos animais domésticos, como por exemplo a Furna das Cabras na ilha do Pico, assim chamada por ter servido como curral para cabras. Os habitantes dos Açores têm também utilizado as grutas como armazéns (e.g., Gruta dos Principiantes na Terceira), para o aproveitamento de água (e.g., Furna d’Água na Terceira e Furna do Enxofre na Graciosa) e mais recentemente como locais de culto religioso (e.g., Gruta do Natal na Terceira onde é celebrada a Missa do Galo) e de lazer. Algumas das cavidades vulcânicas dos Açores foram abertas ao público e podem ser visitados durante parte do ano: o Algar do Carvão e a Gruta do Natal na Terceira, a Gruta do Carvão em São Miguel, a Furna do Enxofre na Graciosa e a Gruta das Torres no Pico. Estas grutas turísticas desempenham uma importante função pedagógica, dando a conhecer ao público em geral a riqueza geológica e biológica das cavidades vulcânicas, a sua importância num contexto regional e mundial, assim como os factores de ameaça à integridade destas estruturas e dos seus ecossistemas.
A natureza vulcânica dos Açores e os diferentes tipos de estruturas geológicas associadas, nomeadamente as grutas, está bem presente no património cultural deste arquipélago. Várias grutas do arquipélago serviram de fonte de inspiração para inúmeros contos populares, um misto de ficção e história. As lendas “A Furna de Santo Cristo”, “O Ermitão”, “A Furna da Maria Encantada” e “A Furna de Frei Matias” são alguns exemplos dos contos que preenchem o imaginário colectivo do povo açoriano.
Classificação
(Tipos de habitats subterrâneos)
Os tipos de habitat subterrâneos que se podem encontrar nos Açores incluem: algares, tubos de lava, fendas, grutas de erosão, MSS (Meio Subterrâneo Superficia - Foto 8) e lençóis de água subterrâneos. Dos habitats mencionados, os únicos onde não foram encontradas espécies troglóbias foram as fendas em escoadas lávicas (e.g., fendas fundas na zona da Terra Brava na Terceira) e as grutas de erosão formadas pela acção do vento e/ou mar (e.g., Grutas de Santana e das Pombas em Santa Maria).
A existência de MSS, constituído por uma extensa rede de pequenos espaços vazio entre rochas em zonas relativamente perto da superfície, permite a existência de fauna adaptada ao ambiente subterrâneo em áreas onde não existem grutas. Por outro lado, crê-se que nalgumas regiões o MSS estabeleça a ligação entre diferentes grutas, permitindo a circulação de espécimes entre elas.
Foto 8: Esquerda: MSS no Pico Rachado,
Terceira. Direita: representação esquemática da rede intersticial
onde circulam animais cavernícolas; a vermelho uma armadilha de
queda (pitfall) para a amostragem. Foto: Fernando Pereira.
Estado de Conservação e Ameaças
Infelizmente as grutas nos Açores também têm sido eleitas como locais ideais para “fazer desaparecer” o lixo doméstico (Foto 9) e cadáveres de animais domésticos (e.g., Algar das Bocas do Fogo em São Jorge) e têm funcionado igualmente para o escoamento de esgotos urbanos (e.g., Gruta do Carvão em São Miguel) e de águas residuais (e.g., Gruta do Esqueleto em São Miguel). Para além destes, existem outros factores que ameaçam a conservação das grutas e dos seus ecossistemas no arquipélago. Entre eles destacam-se as alterações nas áreas por cima das grutas, quer sejam a remoção de floresta nativa e transformação desses terrenos em pastagens ou matas de produção, o uso excessivo de adubos, instalação de redes de distribuição de energia e de saneamento ou a construção de estradas e edifícios. A Gruta do Soldão na ilha do Pico é um dos exemplos de uma gruta que recentemente sofreu várias derrocadas causadas por obras para a construção de uma unidade industrial, e hoje em dia só é possível visitar uma pequena porção da gruta. O aumento do número de visitantes e das horas de visita em grutas turísticas, que implicam, nomeadamente, exposição a luz artificial, aumento de dióxido de carbono e subida de temperatura, podem estar a provocar alterações das características físico-químicas do habitat subterrâneo que permitiam, por exemplo, a proliferação dos biofilmes e podem estar a levar ao desaparecimento dessas comunidades microbianas. Nos últimos anos tem-se também assistido a um aumento das chamadas "actividades radicais" nos Açores, o que inclui a exploração de grutas não turísticas. Algumas destas visitas são organizadas por pessoas com um código de conduta responsável e os passeios são efectuados de forma a minimizar o impacte da visitação, seguindo a máxima "deixar apenas pegadas e tirar apenas fotografias". No entanto, nas grutas de acesso mais fácil é comum observarem-se actos de vandalismo (Foto 10), como as paredes escritas e delapidação de formações geológicas, que muitas vezes são encontradas a adornar jardins particulares!
Foto 9: Lixos domésticos depositados nas grutas. Foto: Pedro Cardoso.
Foto 10: Actos de vandalismo. Foto: Pedro Cardoso.
É de salientar a importância biológica extrema de algumas das cavidades vulcânicas dos Açores, nomeadamente de grutas que constituem o único habitat conhecido de determinada espécie. Por exemplo, o entulhamento da Gruta do Parque do Capelo, um pequeno tubo de lava no parque de merendas do Parque Florestal do Capelo, na ilha do Faial, levaria à destruição do único sítio do planeta de onde é conhecido o escaravelho cavernícola Trechus oromii, i.e., muito provavelmente conduziria à extinção desta espécie e consequente perda irreversível de biodiversidade. Outros exemplos de grutas que são o único habitat conhecido de determinadas espécies de invertebrados são a Gruta das Agulhas na Terceira, o Algar do Montoso e o Algar das Bocas do Fogo em São Jorge e a Gruta da Água de Pau em São Miguel. Por outro lado, o facto de algumas espécies troglóbias aparecerem em várias grutas não deve ser interpretado como "basta proteger uma das grutas onde a espécie aparece" para garantir a sobrevivência da espécie. Como foi demonstrado com estudos moleculares, por exemplo, para o escaravelho cavernícola Trechus picoensis conhecido de várias grutas na ilha do Pico, as populações que aparecem em cada gruta são distintas e a perturbação/destruição de algumas das grutas e o consequente desaparecimento de populações conduziria a perda de biodiversidade dentro da espécie e poderia por em risco a sobrevivência da espécie a longo prazo.
Em 1998 foi criado pelo Governo Regional dos Açores um grupo de trabalho multidisciplinar, actualmente denominado GESPEA, dedicado ao estudo do património espeleológico do arquipélago, incluindo tubos e algares vulcânicos, fendas e grutas de erosão. Recentemente o GESPEA tem estado a trabalhar na elaboração do Plano Sectorial das Cavidades Vulcânicas dos Açores. Este documento tem como objectivo identificar as actividades que ameaçam o valor biológico, geológico, estético e cultural de cada cavidade e propor medidas minimizadoras das mesmas. Pretende-se igualmente atribuir prioridades de conservação e implementar regimes de gestão das áreas envolventes às cavidades vulcânicas de modo a promover uma utilização sustentável do território. Algumas das medidas de conservação implicarão impor limitações várias das actividades nas áreas envolventes das grutas ou mesmo a interdição da visita de algumas cavidades.
A atribuição do estatuto de Monumento Natural Regional a algumas grutas e algares (Algar do Carvão, Furna do Enxofre, Gruta das Torres, Gruta do Carvão), o facto de algumas das cavidades se encontrarem em zonas da Rede Natura 2000 e estarem incluídas nas propostas de Parque de Ilha irão certamente também contribuir para a conservação da riqueza de formações geológicas subterrâneas dos Açores e da diversidade de organismos delas dependentes. A fiscalização da implementação dos estatutos de conservação será fundamental para garantir a preservação dos habitats subterrâneos e dos sensíveis ecossistemas que suportam.
As cavidades vulcânicas e os ecossistemas subterrâneos dos Açores são únicos, são património da Humanidade e é nossa responsabilidade dar a conhecê-los e preservá-los.
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